Um jantar secreto sanguinolento
Na minha opinião uma obra com muito potencial desperdiçado em uma tentativa fracassada de choque por choque.
Raphael Montes é um ótimo escritor que tem tendencias ao exagero, sua recente novela Beleza Fatal é muito cativante com personagens icônicos mas que após conhecer a escrita do autor pude perceber ser mais um mérito dos atores do que do próprio escritor.
Com um potencial de surpreender com a trama de jovens que acabam por ser obrigados a recorrer aos jantares de canibalismo para satisfazer a elite carioca, tínhamos aqui um prato excelente de criticas e drama com pitadas de horror que poderiam deixar os cabelos dos leitores em pé. Mas a trama acaba por ser rasa com personagens unidimensionais.
Hugo um completo hetero top que poderia ter sido desenvolvido mais o seus objetivos e o que levou ele a ser como é além de só misoginia por ser pobre.
Dante que é o narrador que a todo momento faz de sua personalidade apenas ser gay. Gay Gay Gay Gay viva as Gays!
Miguel o médico. Sério é só isso
Leitão que é....bom, gordo e a todo momento o autor não esconde sua gordofobia nas descrições corpóreas que ele não faz com os outros amigos, somente com personagens gordos e com a única mulher na tela que é o tempo todo resumida a ser uma dama da noite.
O inicio do enredo é cativante, você acompanha esses amigos indo ao extremo pelo desespero de terem uma divida de 25 mil nas costas, até esse momento você está com eles, mas a história logo se perde quando você acompanha o narrador sempre nos lembrando o quão podre eles são, quando temos a chance de um mistério em mãos na hora de desvendar quem é Vladmir, essa parte você é pego pela curiosidade mas o final não responde exatamente o mistério apresentado já que a resposta é tão rasa que não nos explica exatamente o que ocorreu.
A personagem da Cora para mim está ali apenas para ser sexualizada e tratada como um objeto, uma personagem resumida em falar palavrões e nojeiras tal qual os demais.
A apresentação de Arthur e a culpa de Dante foi o que me segurou até o final, com os dois em busca de quem era Vladmir, mas não o suficiente já que o luto dos dois parecia não ter peso em suas vidas além de nos lembrar que um era hetero e o outro gay.
AVISO DE SPOILER
Na minha opnião se fosse revelado que a Cora era Vladmir e que ela esse tempo todo se aproximou dos rapazes por simples psicopatia e manipulou eles em seus desejos sórdidos, teria sido mais crível e interessante do que só esse final.
Em suma..... Raphael Montes pode e deve fazer mais e melhor, mas não foi com Jantar Secreto que ele alcançou seu potencial.
Nota: 1 Abobora.
Sinopse:
368 paginas
Raphael Montes
Companhia das Letras
Um grupo de jovens deixa uma pequena cidade no Paraná para viver no Rio de Janeiro. Eles alugam um apartamento em Copacabana e fazem o possível para pagar a faculdade e manter vivos seus sonhos de sucesso na capital fluminense. Mas o dinheiro está curto e o aluguel está vencido. Para sair do buraco e manter o apartamento, os amigos adotam uma estratégia heterodoxa: arrecadar fundos por meio de jantares secretos, divulgados pela internet para uma clientela exclusiva da elite carioca.
A partir daí, eles se envolvem em uma espiral de crimes, descobrem uma rede de contrabando de corpos, matadouros clandestinos e grã-finos excêntricos, e levam ao limite uma índole perversa que jamais imaginaram existir em cada um deles.
Muito chato quando o autor resolve ter o fator de choque como principal atração de sua obra. Se o choque não vem acompanhado de uma mudança relevante e/ou significativa ao enredo ou personagens, dá uma sensação de vazio ou, pior, decepção.
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